28/01/2014

Palavras ao vento: Um Café com a Saudade

Foto: We Heart It

Hoje cedo tomei um gole de café, sem açúcar. Aquele gosto amargo me relembrou um pouco o amor, e confesso que me deu saudade dele. Saudade de palavras não ditas. De gestos não realizados. De costumes perdidos. Saudade. Uma palavra tão pequena, mas com um significado tão grande. Ao mesmo tempo em que é clichê, também é real. Vivemos procurando a definição de saudade. E quase sempre a encontramos em algo ou alguém. Para uns, é aquela coisinha que dá e dói. Dói, machuca, incomoda. Uma pedrinha incomodando no sapato. Um tijolo, talvez. Que aperta, e faz machucado. Que fura e fere. Fere e fura. A saudade é dura. E ainda perdura. Insiste em persistir, persiste em insistir. Ficar ali, do nosso lado. Se metendo aonde não foi chamada. Bisbilhotando os sentimentos. Jogando aquelas lembranças para cima de nós. Tapas na cara. Ou melhor, lembranças na cara. A saudade é como uma plantação. Ou para melhorar a comparação, ela é como as pragas e animais que comem as plantações dos agricultores. Tem saudade que dá e passa. Tem saudade que dá e fica. Ironia do destino seria uma prostituta se chamar Saudade. Que fique na imaginação. A saudade faz parte do nosso dia-a-dia. É como comer. Faz parte da rotina. Sentir saudade, viver saudade respirar saudade... Até aparecer outro algo, outro alguém. E aí o ciclo se repete. E de novo, e de novo. A saudade persegue até encontrar suas vítimas novamente. Ela é predadora. A saudade não tem dó de ninguém. Ela caça. Ela mata. Ela arranca pedaços. Faz bolinho de coração. Amassa e joga tudo no mesmo pote. No liquidificador. A saudade bate. Na porta e no coração. Eu digo para ela ficar esperando, que já vou abrir. E a verdade é que eu sempre abro para ela. Não para querer ser incomodada, mas porque ela é uma boa visita. Apesar da sua rigidez, ela traz boas lembranças com ela quase sempre que vem visitar. Suas visitas são frequentes, ela sempre dá um jeitinho de aparecer por aqui. Convido-a para entrar. Compartilhar comigo tudo o que passou. A saudade me faz lembrar das coisas do passado. Choro por alguns instantes. Ela me traz à tona tudo que eu vivi, e me faz imaginar tudo que ainda falta para viver. Todos os sonhos que já conquistei. Todos os amores que passaram. Todas as amigas falsas e também as verdadeiras que seguiram seu rumo. Todos os anos do colegial. Nostalgia, sessão saudade. E a saudade por mais infeliz que seja, ela é fiel. Ela é para sempre. Pois tudo um dia vai embora e o que permanece conosco sem cessar, é a saudade.

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